O DESABAFO DO VELHO GUERREIRO
Hoje ao dar uma espiadinha no Blog Panorama Garanhuns do Calvino Brasil , deparei com o texto enviado por Ivan Rodrigues e achei que vale a pena ser lido. Por isso o trouxe na íntegra para dividir com vocês.
DIGAM O GOSTO PRA MIM
Esta música tem uma história especial. Composta e lançada em 1978,
em pleno regime militar, a letra magistral de Vitor Martins descreve o
sofrimento de um pai explicando aos filhos a amargura dos tempos de
chumbo e as esperanças de um tempo futuro.. Recebeu uma interpretação
magnífica de Elis Regina ainda hoje cultuada. Procurem escutá-la:
trata-se de um dos momentos mais lindos da música popular brasileira.
Uma espécie de contraponto antecipado ao sentido do filme “A Vida é
Bela”, em que um pai buscava esconder do filho as misérias da guerra e
da dominação nazista.
Aos Nossos Filhos Ivan Lins e Vitor Martins
“Perdoem a cara amarrada, perdoem a falta de abraço
Perdoem a falta de espaço, os dias eram assim
Perdoem por tantos perigos, perdoem a falta de abrigo
perdoem a falta de amigos, os dias eram assim
Perdoem a falta de folhas, perdoem a falta de ar
perdoem a falta de escolha, os dias eram assim
Perdoem a falta de espaço, os dias eram assim
Perdoem por tantos perigos, perdoem a falta de abrigo
perdoem a falta de amigos, os dias eram assim
Perdoem a falta de folhas, perdoem a falta de ar
perdoem a falta de escolha, os dias eram assim
E quando passarem à limpo, e quando cortarem os laços
E quando soltarem os cintos, façam a festa por mim
Quando lavarem a mágoa, quando lavarem a alma
Quando lavarem a água, lavem os olhos por mim
Quando brotarem as flores, quando crescerem as matas
Quando colherem os frutos digam o gosto prá mim”
Sempre escuto e leio, com muita emoção, essa poesia e não consigo afastar sua relação com a questão política de Garanhuns. Juntamente com um punhado de bravos companheiros, filiados ou não ao PSB, trabalhamos durante quase dois anos num projeto de discussão e debate dos problemas e grandes questões de nosso município, para propiciar a apresentação de soluções, propostas e projetos que norteassem um planejamento estratégico para viabilizar um novo modelo de desenvolvimento.
E quando soltarem os cintos, façam a festa por mim
Quando lavarem a mágoa, quando lavarem a alma
Quando lavarem a água, lavem os olhos por mim
Quando brotarem as flores, quando crescerem as matas
Quando colherem os frutos digam o gosto prá mim”
Sempre escuto e leio, com muita emoção, essa poesia e não consigo afastar sua relação com a questão política de Garanhuns. Juntamente com um punhado de bravos companheiros, filiados ou não ao PSB, trabalhamos durante quase dois anos num projeto de discussão e debate dos problemas e grandes questões de nosso município, para propiciar a apresentação de soluções, propostas e projetos que norteassem um planejamento estratégico para viabilizar um novo modelo de desenvolvimento.
Foram estabelecidas algumas premissas no trabalho, entre as quais: a
necessidade de a longo prazo buscar a transformação da nossa cultura
política, reduzindo a visão pequena e a absoluta inexistência de de um
modelo de gestão eficiente; evitar os projetos de interesses individuais
o que subtendia a importância de não permitir a personalização das
questões; centrar os debates na solução dos nossos grandes problemas
através de soluções de magnitude igual; e sobretudo pensar grande, sob
pena de não arrancarmos Garanhuns da mesmice e da mediocridade.
A mensagem foi sendo entendida como se demonstrou pelo aumento
constante da participação em nossas plenárias e integração no projeto
das melhores lideranças de Garanhuns, pertencentes aos mais diversos
setores de nossa sociedade. Ocorreu um engajamento expressivo de
lideranças políticas, empresariais, universitárias, sindicais,
movimentos populares, mulheres e juventude. O movimento crescia de forma
consistente, orgânica e começou a chamar a atenção de outros municípios
e de outros partidos, atingindo âmbito supra-partidário. Chegamos a
contar em nossas reuniões, por vezes, com representação de doze
municípios do Estado, através de lideranças representativas, como
prefeitos, secretarios municipais, vereadores, ocasião em que
manifestavam sua solidariedade e felicitações pelo ineditismo do nosso
trabalho. A palavra de ordem era discutir propostas e planejamento, sem
falar em nomes. Somente concluída essa fase, buscar-se-ía um gestor para
sua execução. Caracterizava-se como um modelo novo e decente de fazer
política, nunca praticado até então por qualquer Partido em âmbito
municipal.
De repente, a despeito da segurança que tinhamos do sucesso do novo
modelo em execução, constatado – inclusive – pelo Presidente Estadual
do PSB de então, nosso companheiro Milton Coelho, que participou de uma
das nossas reuniões, o nosso trabalho foi radicalmente desconsiderado
por nossas lideranças maiores e sem que nada nos perguntassem ou.
sequer, pedissem a mínima informação sobre a evolução do projeto.
Simplesmente, o ignoraram e preferiram partir para as soluções
simplistas das velhas práticas superadas, mediante a imposição de um
nome sem qualquer referência em nossa cidade e que se manteve como
candidato durante nove (9) meses, sem dar o menor passo para se
construir ou pelo menos conhecer a nossa cidade e a sua gente. Conselhos
não lhe faltaram, mas manteve-se na intransigência de um discurso
autoritário, truculento, grosseiro e de agressão à pessoas que nunca lhe
ofenderam.
O resultado estamos assistindo depois de nove meses (uma gestação
inteira !), Garanhuns regredir para o mesmo quadro político de quatro
anos atrás: nada mudou, os interesses pessoais predominaram; não se
discute qualquer proposta ou programa; os candidatos são os mesmos ou
seus representantes; postulantes sub-judice sem qualquer segurança de
chegar a bom termo; e somente aos trinta minutos da prorrogação é que as
coisas foram decididas em pequenos comitês, sem que sequer os filiados
fossem consultados e, o que é mais deplorável, sob a articulação do
candidato inviabilizado, legitimando-o como se fora uma nova liderança
emergente no município.
Por uma questão de justiça, devemos ressaltar como bem analisou o
jornalista Calvino Brasil em recente postagem, que a inviabilização da
candidatura espúria decorreu tendo como “a principal causa do
insucesso da aventura citada foi a arrogância e soberba. Há de se
entender que os blogueiros de Garanhuns, as redes sociais, especialmente
os grupos da facebook, o jornal Sete Dias, a divulgação dos áudios
tiveram um papel fundamental para que a invasão não se concretizasse em
Garanhuns.” Muitos desempenharam seu papel e contribuíram para
esse objetivo. Mas uma referência especial se impõe: Todos os
blogueiros da região sempre nos honraram com suas fundamentadas
críticas, com suas análises corretas e, sobretudo com o explicitado
apoio às nossas posições, por isso nossos agradecimentos pela
compreensão.
No que me diz respeito, tenho hoje um travo de amargura na boca que
nenhum mel será capaz de adoçar. Lutei muito, insistí, discutí;
enquanto restou um fio de esperança combatí o bom combate; renunciei a
vantagens pessoais e financeiras que poucos o fariam; mas continuei
incompreendido, não obstante o nosso trabalho ter sido estruturado
conforme combinação com as nosssas lideranças estaduais que, em vez de
reconhecê-lo ou até criticá-lo se fosse o caso, preferiram ignorá-lo.
Pensem no tamanho da minha frustação e amargura, ademais
agravadas pela sensação que passou pela cabeça de alguns dos nossos
companheiros que, com justas razões, se sentiram enganados pela nossa
proposta. A nossa proposta era séria, correta, honrada e foi colocada e
combinada com as nossas lideranças estaduais para sua execução. Não me
considero derrotado, pois considero que esse foi apenas mais um episódio
eleitoral e precisamos continuar lutando por uma proposta de
princípios, sem ranços eleitoreiros. Continuo acreditando nela e vou
continuar insistindo incentivado pelo meu amor à nossa terra. Por isso
mesmo me sinto ainda devedor de uma explicação aos companheiros de
jornada.
Como diz o poema: “Perdoem a cara amarrada, a falta de abraço, a falta de espaço, os dias foram assim ” e
convoco os companheiros que acreditaram na proposta para persistirem,
insistirem e lutarem pelo que acreditamos. Se não formos os próprios
beneficiários, nossos filhos e netos o serão. E “quando lavarem a mágoa, a agua, os olhos” e “quando brotarem as flores, crescerem as matas e colherem os frutos, DIGAM O GOSTO PRA MIM”.
Vamos continuar, companheiros, independentemente de eleições, lutando e
cobrando pelo que nós acreditamos na tentativa de obter as mudanças
necessárias à pratica de uma nova consciência política para Garanhuns.
Um
grande abraço de Ivan Rodrigues.
Fonte: Panorama Garanhuns
2 Comentários
Cara Amannda: Suas raízes plantadas em Garanhuns e Arcoverde nos ligam profundamente. Fiquei envaidecido com as suas referências à minha Carta. Acredito que sua generosidade e as nossas citadas raízes são bem maiores que a qualidade do texto. De qualquer forma, Deus nos abençoe. Um grande abraço de Ivan Rodrigues
ResponderExcluirIvan, seja sempre bem vindo a este blog. Seu amor por garanhuns nos une por que adotei como minha sua cidade. Um abraço
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