“Este foi meu primeiro solo. Nesses vinte anos, várias
crianças do Minadouro assistiram, mas a nova geração ainda não conheceu. Nada
melhor do que comemorar esse aniversário onde tudo começou”, conta Odília, que
há três anos mora em São Paulo, como atriz da premiada Cia do Tijolo, no elenco
dos espetáculos Guará Vermelha (2023) e Restinga de Canudos (2025). Este ano,
sem qualquer incentivo do poder público, mais do que nunca o Festival Chama
Violeta é feito com a garra e a parceria dos artistas e companhias
participantes, que abriram mão do cachê para compartilhar sua arte e receber o
carinho e a acolhida de crianças, adultos e idosos do Sítio Minadouro, já
familiarizados com a diversidade de linguagens artísticas que, pelo menos uma
vez por ano, os visitam.
O tema deste ano, Entendi
que amor é escolha, diz muito da curadoria e do formato do Festival. “O
critério da curadoria é afetivo. Primeiro a gente escolhe o tema e a partir dele
vai montando a programação. É intuitivo. Tenho uma lista de amigos que quer
chegar junto, mas este ano achamos pertinente convidar grupos familiares, porque
temos os 50 anos de casamento dos meus pais, que são pessoas muito atuantes na
comunidade e na feitura do Chama Violeta, e de outro casal, Cícero Gomes e Dona
Maria, do Samba de Coco de Trupé de Arcoverde, que estão presentes desde a
primeira edição do Chama”, destaca.
Além do Trupé, os outros grupos familiares da programação
são Piruá e Paraqueta”, com Rodrigo
Bruggemann e Amora Maux, pai e filha, do Rio Grande do Norte, o casal Anelise
Mayumi e Douglas Iesus, da Bahia, com o espetáculo de dança Embalanceio:
dançar sonhos pequeninos e a Cia das Marionetes, da Argentina, com Antologia das Marionetes.
O festival Chama Violeta é uma das ações do projeto NO
MEU TERREIRO TEM ARTE, iniciativa criada por Odília Nunes em 2015 com o
objetivo de promover intercâmbio cultural, residência artística, festivais e
ações formativas ao longo do ano no Sítio Minadouro. Em 2019, o projeto recebeu
o Prêmio Pernalonga de Teatro, concedido pelo Governo do Estado de Pernambuco
e em 2021, o prêmio Inspirar do Instituto Neoenergia, que contempla
iniciativas lideradas por mulheres.
PROGRAMAÇÃO – A partir da sexta-feira à tarde, as atividades seguem ao ar livre, em locais com endereços peculiares, como Terreiro de Mariquinha, Terreiro de Seu Expedito e Dona Lourdinha, Terreiro de Edileuza, espaços gentilmente cedidos por familiares e amigos de Odília, que também sedia atividades no Alpendre da sua casa. A Sede da Associação de Agricultores do Minadouro sedia as oficinas de A voz da poesia, ministrada por Isabelly Moreira, de São José do Egito, e Confecção de Calungas de Pano, com Catarina Calungueira, do Rio Grande do Norte.
As apresentações são realizadas às 17h e 19h, com shows
fechando a programação da sexta e do sábado, com Luana Flores, da Paraíba, e o
show Nordeste Futurista, e Sons de Resistência, como Samba de Coco de Trupé de
Arcoverde, respectivamente.
O Festival mantém a tradição de realizar partilhas de temas
transversais ao fazer artístico. No domingo, a partir das 14h, no Alpendre da casa de Odília, acontece a roda de conversa Vô, deixa
minha mãe brincar, um bate-papo sobre infâncias com Gabriela Romeu, jornalista, escritora e documentarista de São Paulo, que há
mais de vinte anos desenvolve projetos que criam pontes entre infâncias.
Em seguida, no Cineclube Minadouro, tem a estreia do filme Um dia Havia de Ver o Mar, de Odília Nunes, uma história real que se passou na própria comunidade do Minadouro, sobre o sonho de um menino de ver o mar. “Um menino, um dia, me pediu pra levar ele na praia. Cumpri minha promessa. Mas não fomos só em dois. É que esse sonho era coletivo. O filme é o registro desse encontro”, conta a diretora.
Sobre a coordenadora – Odília Nunes é gestora cultural, palhaça, brincante popular, atriz de teatro e cinema, bonequeira, diretora teatral, dramaturga, cordelista, natural do sertão do Pajeú Pernambucano. Desde 2015 produz o projeto NO MEU TERREIRO TEM ARTE, onde compartilha espetáculos e oficinas artísticas com comunidades rurais e periféricas. Atualmente integra a Cia do Tijolo de São Paulo.
FICHA TÉCNICA – CHAMA VIOLETA - ANO 7
Coordenação e curadora do festival:
Odília Nunes
Produção Geral e Hospedagem:
Lourdinha, Expedito, Violeta, Helena, Tamires, Gilvan, Heitor, Artur, Fran,
Paulinho
Alimentação: Deda, Fran e Ciene
Coordenação de Programação e produção
geral: Clá Solar
Coordenação dos transportes: Ana
Carolina Lima
Coordenação Técnica: Cic Morais
Design: Letícia Graciano
Assessoria de Imprensa: Ana Nogueira
Produção Local: Marcia Andreia,
Gisele Garcez e José Mauricio
Apoio: SESC PE e Editora Caixote
Ana Nogueira
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