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Cultura celebra Dia do Patrimônio Histórico nesta sexta-feira

Além da titulação concedida aos seis novos Patrimônios Vivos, a programação nesta quinta-feira (17), Dia Nacional do Patrimônio Histórico, contará também com a entrega do 3º Prêmio Ayrton de Almeida Carvalho e o lançamento do livro Patrimônio Cultural Imaterial de Pernambuco.
Foto: Ascom-cultura
O Dia Nacional do Patrimônio Histórico é celebrado nesta sexta-feira (17) em todo país. A data é uma homenagem ao historiador e jornalista mineiro Rodrigo Melo Franco de Andrade, e foi criada em 1998, centenário de nascimento de Andrade, que foi o primeiro presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e grande defensor do Patrimônio Cultural Brasileiro.
Em Pernambuco a data é a culminância da Semana do Patrimônio Cultural, que foi realizada pela Secretaria de Cultura e Fundarpe. O evento marca uma série de atividades no Teatro de Santa Isabel, a partir das 9h. A entrada é gratuita. Haverá a diplomação dos seis novos Patrimônios Vivos pernambucanos: Gonzaga de Garanhuns, Mestre Zé de Bibi, Cavalo Marinho Estrela de Ouro, Cristina Andrade, Banda Musical Saboeira, Casa de Xambá. Também será feita a entrega do 3º Prêmio Ayrton de Almeida Carvalho de Preservação do Patrimônio Cultural.
Além disso, a Secult e a Fundarpe lançam o livro “Patrimônio Cultural Imaterial de Pernambuco”. A publicação, organizada pelo historiador Marcelo Renan e pela socióloga Jacira França, é uma coletânea de textos inéditos elaborados por autores que estiveram à frente das pesquisas que resultaram na candidatura e no registro de nove bens culturais vivenciados no Estado: Feira de Caruaru, Frevo, Roda de Capoeira, Ofício dos Mestres de Capoeira, Maracatu-Nação, Maracatu de Baque Solto, Cavalo-Marinho, Teatro de Bonecos (Mamulengo) e Caboclinho.
Os capítulos permitem ao leitor a compreensão de quatro nuances fundamentais, que são:  1) Identificação - apresentação geral sobre o bem cultural; 2) Informações sobre os procedimentos de pesquisa com as comunidades produtoras e mantenedoras de cada tradição cultural; 3) Detalhamento sobre os processos de patrimonialização; e, 4) Desafios para a salvaguarda apontados pelos detentores.
O livro é uma parceria entre a Fundarpe, a Secretaria de Cultura do Estado, a Companhia Editorial de Pernambuco, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), através de sua Superintendência em Pernambuco.
PATRIMÔNIOS VIVOS - Pernambuco conta, desde o último mês de julho, com seis novos Patrimônios Vivos: Gonzaga de Garanhuns (reisado), Mestre Zé de Bibi (cavalo marinho), Cavalo Marinho Estrela de Ouro (cavalo marinho), Cristina Andrade (ciranda, pastoril, urso), Banda Musical Saboeira (banda filarmônica), Casa de Xambá (organização religiosa). A eleição dos mestres e dos grupos aconteceu no dia 18/7, na sede do Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural (CEPPC), e, com os novos eleitos, o Estado totaliza 57 titulados. 
A Lei 12.196/2002 (Registro do Patrimônio Vivo do Estado de Pernambuco) é um importante instrumento de política cultural de salvaguarda. A lei dos Patrimônios Vivos é a primeira legislação do tipo no Brasil e tem como objetivo reconhecer, valorizar e apoiar mestres e grupos que detenham os conhecimentos ou as técnicas necessárias para a produção e a preservação de aspectos da cultura tradicional ou popular – formas de expressão, saberes, ofícios e modos de fazer, em especial, os que sejam capazes de transmitir seus conhecimentos, técnicas e habilidades às novas gerações de alunos e aprendizes, objetivando a proteção e a difusão do patrimônio pernambucano.
Confira um breve histórico dos novos seis novos Patrimônios Vivos do Estado:
GONZAGA DE GARANHUNS
No ano que completará 75 anos, Seu Gonzaga de Garanhuns torna-se  Patrimônio Vivo de Pernambuco, como um dos ícones do Reisado e da literatura de cordel. Na primeira expressão, que atua desde sua infância, vem ativamente participando do processo de apropriação, difusão e transmissão de saberes, por ininterruptos 63 anos de atividades. Na produção literária atua desde a década de 1970, quando lançou seu primeiro cordel, intitulado “Lampião em Serrinha” (1973). Também é autor e referência de obras sobre a cultura da cidade de Garanhuns. É membro da Academia de Letras do município e reconhecido e premiado mestre do Reisado pernambucano.

CAVALO-MARINHO ESTRELA DE OURO DE CONDADO
O Cavalo-Marinho Estrela de Ouro de Condado tem uma história que se confunde com a história de vida da família do mestre Biu Alexandre. O Mestre atua desde os 12/13 anos de idade na brincadeira que herdou de seu pai, o também mestre Pedro de Quina. O grupo Estrela de Ouro foi fundado em 31/07/1979. Toda a família vem mantendo a brincadeira há quatro gerações. Nesse sentido, existe como elementos básicos para transmissão de saberes e fazeres a observação, a participação e reprodução das falas, cantigas e encenações das figuras vivenciadas ativamente pelos integrantes. O grupo possui sede própria e utiliza o espaço como escola de tradição popular, intitulado: "Centro Àgora de Tradição e Criação”, além de forte atuação em diferentes projetos artísticos que também ajudam na preservação e difusão da expressão cultural.

MARIA CRISTINA DE ANDRADE (CRISTINA ANDRADE)
Representante das manifestações da cultura popular como a ciranda,  o pastoril, o urso de Carnaval, a Bandeira de São João, a Lapinha, dentre outras,  Cristina Andrade desde criança está ligada à cultura pernambucana. Aos seis anos de idade, começou a dançar pastoril, no bairro do Alto do Pascoal/Recife. Sua mãe teve forte influência para sua interação na cultura popular. Conhecida como Dona Dengosa, a mãe da candidata criou, em 1958, o Pastoril Estrela Brilhante e, dez anos mais tarde, a Ciranda Dengosa, da qual Cristina posteriormente se tornou mestra cirandeira. Cristina também se tornou cantora e organizadora dos corais dos blocos: Após Fun, Bloco do Amor, Diversional da Torre e Urso Cangaçá, colecionando diversos títulos em todos os folguedos que participa. Do mesmo modo, também tem preservado e transmitido seus valores para filhos, netos e bisnetos. Aos 71 anos de idade, a mestra cirandeira e carnavalesca é reconhecida como uma grande liderança dos folguedos.

SOCIEDADE 12 DE OUTUBRO (BANDA SABOEIRA)
Banda Saboeira, de Goiana, é a segunda mais antiga do Brasil em atividades, com 169 anos ininterruptos de história. É uma entidade reconhecida no Estado, uma referência para a cultura musical de bandas da Zona da Mata Norte. Tem vasta experiência de atuação com a comunidade, formando jovens, transformando-os em músicos profissionais dos mais diversos instrumentos musicais, projetando talentos da música para todo o Estado. Sua atuação contribui diretamente para a preservação das expressões artístico-culturais do universo da música.

ORGANIZAÇÃO RELIGIOSA AFRICANA SANTA BÁRBARA NAÇÃO XAMBÁ (CASA XAMBÁ)
Nos seus 88 anos de existência, a Nação Xambá modelou o crescimento da comunidade do Quilombo do Portão do Gelo, através de suas ações religiosas (cultos aos orixás de matriz africana) e de suas ações mais representativas como Coco da Xambá, Memorial Severina Paraíso, Afoxé Ylê Xambá, polo afro-carnavalesco, Grupo Bongar, centro cultural bongar, biblioteca xambá, cursos profissionalizantes e campanhas de saúde em geral. Estas ações ajudaram a demarcar o território da Casa Xambá como o primeiro quilombo urbano do norte-nordeste. A importância desta Casa é referendada por ser o único espaço na América Latina de culto xambá, ou seja, temos vários terreiros nagôs, jejes, mas, Xambá, temos apenas o terreiro Santa Bárbara, localizada no Quilombo do Portão do Gelo. Por toda sua história, ações e singularidade, a Nação Xambá se configura hoje como grande guardiã de parte do imaginário afro-brasileiro. 

JOSÉ EVANGELISTA DE CARVALHO (MESTRE ZÉ DE BIBI)
Representante da cultural do Cavalo-Marinho e do Mamulengo, Mestre Zé de Bibi celebra sua arte há mais de 50 anos. Segundo carta de recomendação do IPHAN, o mestre destaca-se por: manter o Sítio Histórico e Museu do Cavalo-Marinho em Glória do Goitá; foi vencedor do Prêmio Culturas Populares, do MinC, em 2007; detém o título de Construtor da Cultura pelo Conselho de Cultural da Cidade de Recife; conquistou o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade do MINC/IPHAN, no ano de 2009, na categoria salvaguarda de bens de natureza imaterial. A solicitação para sambadas, os convites para participação em eventos em vários municípios, formações, concursos e a manutenção são ações pioneiras de um Museu voltado à difusão do Cavalo-Marinho que estão sob sua responsabilidade.

3º PRÊMIO AYRTON DE ALMEIDA CARVALHO - Em sua 3ª edição, o Prêmio Ayrton de Almeida Carvalho de Preservação do Patrimônio Cultural contemplou seis vencedores, entre primeiros e segundos lugares, nas seguintes categorias: Acervo Documental e Memória, Formação e Promoção de Difusão. Os critérios para a premiação foram: qualidade técnica, ineditismo e atuação na luta pela salvaguarda de bens culturais.
Neste ano, 27 projetos, advindos de várias regiões do Estado, foram avaliados pela comissão composta por: Aramis Macêdo Leite Júnior (Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural); Lívia Moraes e Silva (IPHAN); George Félix Cabral de Souza (IHGP); Ana Julia de Souza Melo (UFPE) e Izabel Cristina de Araújo Cordeiro (UPE).
Prêmio Ayrton de Almeida Carvalho de Preservação do Patrimônio Cultural de Pernambuco é um reconhecimento e também um incentivo à participação social na preservação dos bens e expressões culturais do Estado, sejam eles materiais ou imateriais. Cada um dos vencedores receberá um incentivo no valor de R$ 20 mil (primeiro colocado de cada categoria) e R$ 10 mil (segundo colocado de cada categoria), totalizando um total de R$ 90 mil em prêmios. Confira os contemplados:
CATEGORIA ACERVO DOCUMENTAL E MEMÓRIA
1º COLOCADO: GRUPO CURUMIM - GESTÃO E PARTO, COM A AÇÃO MUSEU DA PARTEIRA
O Museu da Parteira, proposta apresentada pelo Grupo Curumim- Gestão e Parto, tem desenvolvido se dedicado a salvaguarda, promoção e valorização do saber e do saber fazer das parteiras de Pernambuco desde 2015. Entre as desenvolvidas destacam-se a produção de material bibliográfico, fotográfico, audiovisuais e expográfico apresentados em diferentes eventos. O material produzido tem ainda o potencial de reverberação, uma vez que pode ser levado e replicado em outras localidades. O projeto tem o mérito de um saber-fazer que se encontrava esquecido. Tem a beleza de resgatar a história de muitas mulheres que exerceram o ofício do partejar e ajudaram a construir uma tradição ainda pouco estudada.

2º COLOCADO: JOSÉ EVANGELISTA DE CARVALHOCOM A AÇÃO MUSEU DO CAVALO-MARINHO
Sr. José Evangelista de Carvalho, mestre de Cavalo Marinho, também conhecido como “Zé de Bibi”, natural e residente de Glória do Goitá, tem desenvolvido incansável luta pela salvaguarda do Cavalo Marinho através do seu museu, único do gênero no Brasil. Museu comunitário em sua gênese e essência, o espaço funciona por agendamentos e recebe os visitantes para aulas sobre cavalo marinho; mamulengo; ciranda e maracatu rural, culminando com uma apresentação de Cavalo Marinho com o mestre e outros os integrantes da sua família. O museu é bastante visitado pelas escolas públicas da cidade e por pesquisadores. O seu acervo possui símbolos do Cavalo Marinho, bonecos de mamulengo, golas bordadas de caboclos de lança, burrinhas, entre outros artefatos.

Localizado no sítio onde o mestre reside, funciona como um lugar de memória da vida rural, pois além do museu funcionam uma biblioteca (utilizada por estudantes da região), uma capela, uma casa de farinha, pequenas casas de moradores e uma bodega. Apresenta-se assim como lugar singular e de verdadeira residência pela preservação da cultura.
CATEGORIA FORMAÇÃO
1º COLOCADO: ASSOCIAÇÃO BENEFICENTE, CULTURAL E RELIGIOSA ILÊ AXÉ OXALÁ TALABI, COM A AÇÃO I ENCONTRO NACIONAL DE CRIANÇAS DE AXÉ
O I Encontro Nacional de Crianças de Axé teve propiciou a realização de vivências e oficinas que trataram das práticas e saberes da vida social cotidiana da comunidade dos Terreiros, e abarcou a transmissão dos fazeres, dos ofícios e das celebrações rituais. Desdobrando-se em expressões coletivas de histórias danças, ritmos, cânticos e alimentações. Através da troca de experiências e a transmissão de saberes ancestrais, como estratégia de enfrentamento ao racismo e à intolerância religiosa. Com o foco, sobretudo no público infantil, A ação proposta pela Associação Ilê Oxalá Tabali, buscou, além da formação sobre a Cultura Afro-Indígena, combater o racismo perpetrado no ambiente escolar contra as crianças praticantes de religiões dessa matriz. Tem assim, o mérito tanto na luta pela preservação de salvaguarda da cultura, como na luta por uma sociedade mais tolerante e harmoniosa.

2º COLOCADO: LABORATÓRIO DE INTERVENÇÃO ARTÍSTICA – LAIA, COM A AÇÃO COCO DE SENZALA - MEMÓRIA E TRADIÇÃO
A ação Coco de Senzala - Memória e Tradição busca a preservação uma expressão do Coco, através de ações que possibilitam pesquisar, aprender, vivenciar, debater entre outras que contribuem com a promoção e valorização do Coco de Senzala como patrimônio. As atividades já têm dando frutos por meio de multiplicadores desse conhecimento que auxiliam na continuidade e transmissão do Coco de Senzala. São realizadas apresentações culturais também em outros Estados e gravação de material de forma a garantir a divulgação e preservação. Tento uma variedade do Coco ainda pouco estudada, o Laboratório de Intervenção Artística, autor da proposta, presta um grande serviço a essa expressão cultural que ainda é tão carente de ações de salvaguarda.

CATEGORIA PROMOÇÃO E DIFUSÃO
1º COLOCADO: CHARLES DOUGLAS MARTINS, COM A AÇÃO MUSEU AFRODIGITAL - GALERIA REPATRIAÇÃO DIGITAL DO ACERVO AFRO PERNAMBUCANO SOB A GUARDA DO CENTRO CULTURAL SÃO PAULO PARA O MUSEU DA ABOLIÇÃO
Por meio de um website e também de exposições interativas, a ação tem por objetivo principal a repatriação digital dos objetos confiscados dos terreiros Pernambucanos que se encontram hoje na Coleção Missão Folclórica Mário de Andrade, sob a guarda do Centro Cultural São Paulo. O Museu Afrodigital (http://www.museuafrodigital.com.br) apresenta uma expografia inovadora utilizando técnicas de fotografia em 360º e 3D para expor as peças. Ainda tem o objetivo de ampliar o acesso ao conteúdo da Coleção Mário de Andrade para pesquisadores, descendentes de terreiros e público em geral, bem como também é destinado para fins didáticos e de ampliação de acessibilidade. A proposta de Charles Douglas Martins tem ainda o mérito de subsidiar o melhor desenvolvimento do ensino da cultura afro-brasileira e africana para por professores da rede pública e privada. Por sua qualidade técnica e originalidade, a foi convidada a compor a programação do 28º Festival de Inverno de Garanhuns.


2º COLOCADO: OTÁVIO HENRIQUE BASTOS NASCIMENTO, COM A AÇÃO MEXE COM TUDO
A partir de um canal na plataforma de compartilhamento de vídeos Youtube a ação Mexe Com Tudo, o artista Otávio Bastos busca a divulgação de informações sobre o Frevo como patrimônio cultural brasileiro e mundial. Apesar de existirem muitas ações e trabalhos de referência sobre este nosso patrimônio, trata-se de um produto inovador e de grande relevância uma vez que é mantido numa rede social de amplo alcance. Não apenas pela qualidade técnica e ou pela importância o Frevo tem para nosso Estado, mas também pela ousada estratégia de produzir conteúdo cultural em um espaço tão carregado de informações, a proposta tem conseguido desde 2017 tem conseguido ampla repercussão e conquistado um público fiel. Tem ainda um grande potencial de replicação podendo ser visto como modelo para novos projetos de difusão e promoção de nossos bens culturais.

Informações: Secult-Fundarpe

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