Pais e educadores têm uma nova preocupação em relação aos seus filhos e alunos: o chamado desafio da Baleia Azul. Esse jogo suicida ganhou grande destaque no noticiário nacional nas últimas semanas e vem sendo apontado pela polícia como o responsável por mutilações e mortes de jovens brasileiros em distintas regiões do país.
Apesar de popularmente ser chamada de “jogo”, o Baleia Azul consiste em uma troca de mensagens em redes sociais nas quais elenca-se uma série de tarefas a serem cumpridas.
Nesses diálogos, os administradores dos grupos, intitulados “curadores”, propõem 50 desafios macabros aos jovens, que envolvem desde assistir filmes de terror em determinados horários à prática da automutilação, fuga de casa e, por último, suicídio.
Como surgiu o jogo da Baleia Azul?
Como em muitas situações na internet, o Baleia Azul também é fruto de inúmeros boatos e informações falsas que se proliferam numa velocidade viral, mas que também produzem efeitos bastante reais e perigosos.
Segundo algumas “fake news” (notícias falsas), o jogo foi visto pela primeira vez circulando em redes sociais da Rússia, país que já teria registrado mais de 100 casos de morte atrelados ao “desafio”. Em seguida, se popularizou na Europa e, na sequência, chegou ao Brasil.
Em nosso país, mortes causadas pela Baleia Azul já foram confirmadas pela polícia em nos estados de Minas Gerais, Mato Grosso , Pernambuco, entre outros ainda investigados.
O nome do jogo está associado a uma crença de que a baleia azul seria um animal capaz de buscar o extermínio da própria vida encalhando voluntariamente em uma praia.
Como identificar se filho está participando do jogo?
Antes de qualquer coisa, os pais devem tomar muito cuidado para não entrarem na paranoia causada pelos boatos que envolvem a Baleia Azul.
Por isso, não acredite em tudo o que circula na internet, especialmente nos grupos do WhatsApp. A maioria dessas informações não foi confirmada e pode mais atrapalhar do que ajudar nas situações de perigo real.
Vários dos desafios da Baleia Azul envolvem a produção de ferimentos em distintas partes do corpo dos jovens. Por isso, fique atento ao aparecimento de lesões como cortes e queimaduras ou ao uso de roupas com manga comprida sem motivo aparente.
Mudanças repentinas de hábitos de sono, saídas de casa em horários estranhos, isolamento e falta de apetite também devem ser acompanhados com atenção.
Além disso, sinais como queda brusca no rendimento escolar, apatia ou agressividade podem ser pistas de que o jovem está sofrendo algo que não consegue dialogar.
E atenção: ainda que esses fatores não estejam associados ao jogo, devem ser acompanhados com muita atenção pelos pais.
Por que a baleia azul não é a única preocupação?
Apesar de ter recebido grande destaque nos últimos tempos, a Baleia Azul, infelizmente, é só mais um entre vários jogos perigosos que têm virado moda entre os adolescentes. Recentemente, desafios com apelos a riscos que podem se tornar letais têm se tornado cada vez mais frequentes, o que deve redobrar o sinal de alerta dos pais.
Exemplos comuns são o “desafio do sal e gelo”, no qual crianças e adolescentes são estimuladas a postar fotos nas redes sociais com queimaduras produzidas na pele, ou o “jogo da asfixia”, em que compete-se para saber quem consegue ficar mais tempo sem respirar.
Por que o aumento do suicídio entre jovens é preocupante?
O crescimento da popularidade desses jogos revela um problema maior do que eles: o aumento dos índices de depressão e de suicídio.
Para se ter uma ideia do problema, segundo pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS), o suicídio já mata mais jovens do que o HIV em todo o mundo. No Brasil, entre 2002 e 2012 foi registrada uma alta de 15,3% do número de adolescentes que tiraram a própria vida.
A cartilha anual de recomendação para a prevenção do suicídio da OMS aponta que a maior parte dos casos está relacionada a pessoas com depressão e poderia ser evitada.
Nesse ponto, diálogo e educação socioemocional surgem como aspectos fundamentais para combater esse problema.
Qual a importância do diálogo com a família?
Para evitar situações como as provocadas pela Baleia Azul, é fundamental que os pais mantenham sempre abertos os canais de diálogos com os filhos, sobretudo em uma fase da vida tão complicada como a adolescência.
Nesse período de intensas mudanças, é necessário um contato estreito com o filho para evitar o isolamento.
Essa aproximação tem que se dar de maneira natural, respeitando os espaços de privacidade do jovem, mas estando atento a movimentações estranhas no smartphone e no computador.
Uma boa maneira dos pais se engajarem é traçando metas e planos comuns para a família, como viagens e atividades conjuntas no fim de semana.
Busque saber o que seu filho está escutando, sobre o que ele se interessa em ler e ver. Converse também sobre os seus hobbies.
A criação de gostos comuns gera o compartilhamento de projetos de vida.
Como promover a educação socioemocional?
Tal como a família, a escola também deve ajudar a identificar situações de riscos entre os alunos. Afinal, nem todas as crianças e jovens responderão da mesma forma aos estímulos provocados por jogos como o Baleia Azul.
Nesse sentido, cobre para que a instituição de ensino incorpore aspectos da educação socioemocional em suas práticas pedagógicas. Ela visa preparar os alunos para lidar com os aspectos emotivos da vida, criando competências para controlar melhor as emoções e trilhar caminhos de valorização da vida com responsabilidade.
Relacionado a isso, é muito importante que a escola também enfrente e busque evitar práticas como o bullying.
Envolver os alunos nessas discussões e manter o diálogo são atitudes essenciais para torná-los menos vulneráveis a jogos e comportamentos suicidas.
Os adolescentes necessitam buscar pessoas de confiança para compartilhar seus anseios, medos e frustrações. A família e a escola devem estar abertas para isso.
Como pedir ajuda nesses casos?
Se você identificar indícios de práticas como o Baleia Azul, ameaças ou algum material que comprove comunidades que incitem esses jogos, você pode alertar a polícia por meio do Disque Denúncia, ligando para o número 181.
Além disso, lembre ao adolescente de que ele nunca está sozinho. Converse com outros pais sobre o tema e, caso julgue necessário, busque por ajuda.
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