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Teatro de Bonecos Popular do Nordeste é reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil


Foto: Oliver Kornblithh / Cobertura Colaborativa

O Teatro de Bonecos Popular do Nordeste foi aprovado, com unanimidade, na última quinta-feira (5), como Patrimônio Cultural do Brasil e inscrito no Livro de Formas de Expressão do Patrimônio Cultural Brasileiro.
 
A decisão foi anunciada na 78ª reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, que ocorreu na Sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em Brasília. O pedido de inclusão foi solicitado pela Associação Brasileira de Teatro de Bonecos (ABTB), o que afirma a tendência de uma apropriação da sociedade sobre suas manifestações.
 
Os 22 conselheiros foram favoráveis ao parecer lido pelo relator conselheiro Luiz Viana Queiroz. Com a aprovação do registro, o Teatro de Bonecos passa a ter proteção institucional, ou seja, mais uma garantia de salvaguarda desse bem cultural que já se mantém vivo com a força de seus praticantes.
 
Foto: Oliver Kornblithh / Cobertura Colaborativa
"É de grande relevância o reconhecimento de uma linguagem artística que possui tanto alcance nas suas comunidades", comemorou a presidente da ABTB, Ângela Escudeiro. "Para os mestres que trabalham com esta prática, é como se da terra seca começasse a surgir a água que alimenta; alimenta a alma e o trabalho deles. Além disso, dá uma visão ampla para a sociedade que vai mexer com as políticas culturais", completou.
 
O Teatro de Bonecos do Nordeste se tornou uma tradicional brincadeira, com origens no hibridismo cultural, durante o período de colonização do Brasil.
 
A troca intensa possibilitou uma diversidade de temáticas: religiosa, profana ou de costumes populares. E, apesar desse bem ser amplamente conhecido como mamulengo, em cada contexto se desenvolveu de forma diferenciada, por isso, possui diversas denominações: Cassimiro Coco, no Maranhão e Ceará; João Redondo e Calunga no Rio Grande do Norte; Babau na Paraíba; e Mamulengo em Pernambuco.
 
A brincadeira começa com a montagem da empanada, uma espécie de barraca. Depois disso, os brincantes se colocam na parte de trás e então começa o espetáculo com os bonecos em cena e a introdução de um texto poético, a loa. Além da narrativa, a peça contém elementos surpresas, sugeridos, muitas vezes, pelo mestre a partir de um conhecimento prévio sobre o público, por exemplo.
 
Essa forma de expressão carrega elementos fundamentais para a sustentabilidade da identidade e da memória e ainda desempenha um papel agregador que legitima as práticas cotidianas nessas regiões. Dessa maneira, tornou-se uma referência cultural que vem se atualizando, ao longo do tempo, mas que mantém relações de tradição, pertencimento e coletividade no universo cultural na qual se desenvolve.
 
O Teatro de Bonecos Popular do Nordeste constitui-se não apenas como um brinquedo ou, simplesmente, um traço do folclore. Envolve, sobretudo, a produção de conhecimento criativo, artístico e com uma forte carga de representação teatral.
 
De acordo com Fernando Augusto Santos, que pesquisa a brincadeira dos bonecos, esse tipo de fazer teatro está estreitamente relacionado a grupos sociais específicos e enraizado no cotidiano dessas comunidades "por suas características, meios e modos de trabalho e sobremaneira por seu caráter dramático, que lhe faz representar, reinventar e mesmo transfigurar a cultura, a coletividade e o mundo, que lhes são próprios e nos quais sobrevive".
 
Assessoria de Comunicação do Ministério da Cultura

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