O Ministério Público do Trabalho (MPT) lançou, nesta terça-feira (14), em Brasília, o jogo educativo Infância Livre. O game, para crianças e adolescentes, apresenta vários possíveis cenários de exploração da mão de obra infantil, como lixões, o meio rural e o ambiente doméstico, a fim de mobilizar a sociedade para a erradicação do trabalho infantil. No Brasil, 3 milhões de crianças estão em situação de trabalho. No jogo, são fornecidas informações sobre os prejuízos da prática e sobre os direitos da criança e do adolescente. O Infância Livre está disponível gratuitamente na internet, pelo endereço www.mptgames.com.br/ infancialivre, e pode ser baixado em computadores e tablets.
O projeto é resultado de cooperação entre o MPT na Paraíba e o Curso Superior de Tecnologia em Jogos Digitais da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas (Facisa), de Campina Grande (PB), firmada em 2012. No lançamento, foi exibido o trailer e o making off do processo de criação, animação e programação do jogo, desenvolvido pelos estudantes Aleff Ghimel, César Augusto, Aurélio Filgueiras e Valdemir Segundo, sob a supervisão do coordenador do curso, Rodrigo Motta. “O projeto tem essa questão social, ele muda você como cidadão, muda a forma como a gente entende a sociedade. Eu não sabia o que era ou não trabalho infantil. Essa experiência profissional fez com que eu me desse conta do que é certo e errado”, afirmou Aleff.
A produção do game foi idealizada pelos procuradores Marcos Almeida e Raulino Maracajá, responsáveis pelo programa MPT Games. “A nossa ideia é explorar o potencial que os jogos digitais têm de entretenimento para levar informação e gerar a reflexão sobre temas sociais relevantes como o trabalho infantil. Nosso objetivo é promover cidadania nas relações de trabalho e, através disso, estabelecer uma sociedade mais justa e digna”, explicou Marcos Almeida. Ele lembrou que a prática tem ligação com questões socioeconômicas e mitos que defendem o trabalho como elemento formador do caráter e alternativa para a fuga da marginalidade.
“Já está constatado que a mera repressão e punição dos exploradores é insuficiente para acabar com o problema do trabalho infantil. Esse game é uma ferramenta inovadora que, de forma lúdica e pedagógica, surte muito mais efeito para a conscientização das pessoas do que uma sentença, um inquérito civil ou uma ação civil pública”, afirmou o coordenador nacional de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente (Coordinfância), o procurador do Trabalho Rafael Dias Marques.
Proteção da infância – O procurador-geral do Trabalho, Luís Camargo, falou da relação entre o trabalho precoce e o trabalho escravo contemporâneo e destacou a importância de proteger à infância para evitar as condições precárias de trabalho entre os adultos. “Se conseguirmos erradicar o trabalho infantil estaremos muito próximos de erradicar o trabalho escravo. A maioria dos trabalhadores submetidos a condições análogas às de escravo foram crianças privadas de seus direitos, das brincadeiras e da escola.”
Mariana Banja
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