Marinete
Santos da Silva veio de Sailândia, no Maranhão. Há quatro anos ela faz o mesmo
longo e desconfortável percurso, de 15 em 15 dias. É em Santa Cruz do
Capibaribe que abastece a sua lojinha Stilo Confecções. "Aqui sempre tem
novidade e o preço é bem razoável", explica Marinete, que já havia
comprado R$ 7 mil em peças variadas. "Vale a pena", garante.
O
Moda Center é o retrato do comércio de Santa Cruz, que tem se modernizado e
profissionalizado. Seu surgimento ajudou a enfrentar o trabalho infantil,
difícil de ser fiscalizado na rua.
Antes,
a feira ocupava 14 ruas da cidade e se caracterizava pela informalidade. No
local, atrás do Moda Center, ainda funciona um comércio chamado de "poeirão"
ou "calçadão". Ali, os produtos são expostos em bancas de madeira. É
a expressão do início do polo de confecções do agreste, quando o comércio da
"sulanca" começou a crescer na década de 60 e surgiu como alternativa
de sobrevivência à seca.
A
palavra "sulanca" é a corruptela de Sul e helanca. Comerciantes
começaram a comprar sobras do tecido no Sul do País para fazer colchas de
retalhos. A produção passou a usar sobras de jeans e se ampliou para roupas.
José
Agildo Gonçalves, 30 anos, e sua mulher, Giusleide Silva, 29 anos, se mantêm
costurando saias de helanca a preços que variam de R$ 2 a R$ 4 a unidade no
"poeirão". Cerca de 30 pessoas de suas famílias estão envolvidas no
trabalho e Giusleide não vê por que mudar. Está satisfeita. Ela paga R$ 10 por
feira - R$ 5 ao dono da banca e R$ 5 à prefeitura, pelo chão - e não quer se
formalizar. Com o negócio, construiu casa própria e paga os estudos dos três
filhos. A mais velha, de 11 anos, já ajuda os pais.
Colaboração: Elinaldo Ventura
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