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Livro conta a trajetória do Festival de Inverno de Garanhuns ao longo dos últimos 30 anos.



O Festival de Inverno de Garanhuns (FIG), que se consagrou como o maior evento de arte e cultura de Pernambuco, e um dos mais importantes do Brasil e da América Latina, ganha na edição deste ano um livro que marca sua trajetória ao longo das últimas três décadas. Publicado pela Cepe Editora, Festival de Inverno de Garanhuns - 30 anos foi lançado ontem no Teatro Reinaldo de Oliveira - Sesc de Garanhuns, em evento que contou com a presença do governador Paulo Câmara.

Foto: Amannda Oliveira

Com 168 páginas e fartamente ilustrado, o livro faz o resgate memorial do FIG desde 1991 adotando o formato de linha do tempo, em que textos jornalísticos são intercalados por depoimentos de artistas, realizadores culturais, gestores e ex-gestores. Foi editado pelo jornalista e escritor Marcelo Pereira, com coordenação da jornalista e escritora Michelle de Assumpção, projeto gráfico de Lucas Torres e colaboração de especialistas, como os jornalistas José Teles, Júlio Cavani e Leidson Ferraz, que assinam textos ao longo da obra.

“Acompanho o FIG desde os primeiros anos, quando ia para aproveitar os shows e atividades. Depois passei a ir como jornalista, fazendo a cobertura primeiro para o Jornal do Commércio, depois Diário de Pernambuco. Fui a 15 edições nessa função. Em 2011, entrei na Secretaria de Cultura e Fundarpe, como gestora de Comunicação (hoje sou uma das assessoras), e tive a oportunidade de conhecer o FIG por dentro. Quem trabalha com a cultura sabe o quão importante é registrar e contar as histórias. No caso do FIG, essa publicação não só celebra, mas o posiciona no lugar que ele merece estar: como um dos maiores e mais importantes festivais do país e da América Latina", diz Michelle de Assumpção.

Múltiplo em diversidade de linguagens artísticas, abrigando do tradicional ao contemporâneo, do iniciante ao artista consagrado, o FIG impactou sob diversas formas a cadeia produtiva da cultura, como também social e economicamente a cidade que o acolhe. Consagrou nomes, lançou talentos, permitiu a formação de públicos e se tornou um importante instrumento de política pública, tendo quase a totalidade de sua grade montada com base em editais nacionais.

O livro, memória dessa jornada de trinta anos, resgata momentos importantes. E eles foram muitos. Como na edição de 1997, que em sua abertura registrou, em show inédito, o reencontro do casal Airto Moreira e Flora Purim com o percussionista Naná Vasconcelos. Ou a primeira apresentação da banda Nação Zumbi, em Pernambuco, após a morte de Chico Science em show que emocionou a plateia. “Participei do primeiro FIG como jornalista convidado pelo presidente da Fundarpe, Rubinho Valença, para testemunhar a transformação de um sonho em realidade, que acompanhei a cada julho de garoa e celebração. A cada ano, o festival foi se transformando, crescendo e ganhando corpo. Ao passear pela linha do tempo dos 30 festivais, o livro reaviva aqueles momentos no leitor e em quem os viveu”, assegura Marcelo Pereira.

Em sua proposta editorial, o livro também assegura o protagonismo, através dos muitos depoimentos, aos personagens envolvidos no processo que consolidou o festival. Lá estão testemunhos como o do garanhuense Marcílio Lins Reinaux, professor de História da Arte da UFPE, que depois de conhecer os Festivais de Inverno de Ouro Preto (MG) e Campos do Jordão (SP), propôs ao prefeito Ivo Amaral a realização de um evento na cidade - que se tornaria realidade dez anos depois estando Marcílio e Ivo ainda na linha de frente.

“O FIG é um case de sucesso em termos de festival multilinguagem, sendo único no formato em que se apresenta: descentralizado por cerca de 24 polos de atração. São palcos e espaços para a música, cultura popular, circo, teatro, dança, literatura, artes visuais, artesanato, gastronomia, entre outros. Ocupa toda uma cidade, promovendo uma circulação de milhares de pessoas e de artistas. Para o público, é entretenimento, arte, cultura, formação. Para artistas, é uma fundamental plataforma de circulação de projetos e ideias. Para nós, gestores, uma política pública exitosa, que é uma referência para o país”, destaca André Brasileiro, coordenador-geral do FIG.

Bate-papo - O livro Festival de Inverno de Garanhuns - 30 anos é uma das atrações da programação da Cepe Editora. O bate-papo acontecerá no dia 28, às 20h, no auditório da Praça da Palavra Carolina Maria de Jesus, reunindo Michelle de Assumpção, Marcelo Pereira e Teresa Amaral, gestora cultural e Coordenadora de Cultura Popular, presente em quase todas as edições. O livro não será comercializado. A distribuição de exemplares será feita pela Secretaria de Cultura do Estado/Fundarpe.

Alguns depoimentos:

“Fico feliz por ter sido convidado para cantar nessa cidade de que tanto ouço falar. O Festival de Inverno é famoso em todo o Brasil. As pessoas ficam surpresas ao saber que faz frio em Pernambuco. Para mim, cantar num lugar novo – sobretudo numa situação especial como é o festival – é sempre uma excitação diferente. A gente não se habitua a fazer show ao ponto de ficar indiferente com coisas assim.‘‘
Caetano Veloso, cantor e compositor

“O FIG é um marco para todos nós, artistas. Eu sou cidadã pernambucana pela relação que tenho com a terra, Sertão, Zona da Mata, praia, litoral, capital, amo esse Estado. O FIG deu visibilidade a esse maravilhoso estado, uma visibilidade transversal musicalmente, teatralmente, abrindo editais para todas as matrizes da música e trouxe todo mundo para Pernambuco. ‘‘
Fafá de Belém, cantora

“Tenho vários momentos especiais no FIG, um dos principais festivais de música realizados no país. A primeira edição foi um pouco antes do lançamento de Sete desejos, e eu já mostrava algumas músicas do disco naquele show. Naquela vez também se apresentaram Dominguinhos, que é de Garanhuns, e Zé Ramalho, que por sinal são meus parceiros. Tempos depois participei da homenagem a Lula Côrtes, no FIG, onde cantei músicas do show Vivo! Revivo!, inspirado no meu repertório da década de 70. O público estava em total sintonia, uma vibração incrível, foi uma noite emocionante. Pessoalmente, também tenho uma forte relação com Garanhuns, onde morei parte da minha infância, antes de me mudar para o Recife. É uma cidade acolhedora, que transborda identidade e cultura, ainda mais na época do festival. Existe uma nova onda de festivais acontecendo no Brasil. Recentemente cantei em festivais em Belo Horizonte, Florianópolis, Goiânia, São Paulo, Itaipava, na região serrana do Rio, e outros mais. É um público muito jovem, que ama as coisas do Brasil, são amigos da arte verdadeira, aquela que muitas vezes passa à margem das manifestações comerciais impostas pelo grande mercado. E o FIG tem um grande pioneirismo neste tipo de iniciativa, tão essencial para a cultura brasileira.‘‘
Alceu Valença, músico e compositor

“Eu participei duas vezes do FIG e realmente é um grande festival, que tem uma diversidade musical muito grande, eu levei um pouco a linguagem do afropopbrasileiro. Quando eu fui, em 2016, tive uma grata surpresa ao saber que eu era a primeira da minha geração da Bahia a ir tocar no festival. Depois apresentei o projeto Margareth Menezes canta Gil e Caetano. Eu tava circulando com esse show na época. Todas as vezes que eu estive em Garanhuns fui muito bem recebida, graças a deus.”
Margareth Menezes, cantora

“Eu nasci em Garanhuns e é sempre uma emoção muito grande apresentar-me nos palcos da cidade. E quase todas essas experiências vividas lá aconteceram em edições do FIG, ao longo desses anos. A minha memória mais afetiva com o festival é a de voltar ao palco onde me apresentei pela primeira vez na vida (o Teatro Alfredo Leite), com a estreia de Caetana, em 2004, e ter, naquele momento, meu pai e minha mãe na plateia. Então, sou grata a esse festival que aquece o coração dos pernambucanos e que chama a atenção de artistas e públicos de todo o país.‘‘
Lívia Falcão, atriz

“Lembro do brilho no olhar, alegria em estar no Festival de Inverno de Garanhuns, fazíamos apresentações na chuva para um público grande quando fazíamos apresentações na praça. Andávamos por todas as ruas. Tenho muita saudade dos grandes amigos que participaram conosco,como Leda Alves, Conceição Camarote, são pessoas que valorizam a arte do circo. Sempre fomos muito bem recebidos, com muitos abraços e isso era o mais gratificante, principalmente quando as crianças nos procuravam para tirar fotos. Teve uma edição que uma mulher se aproximou de mim e disse: vim assistir sua apresentação grávida e hoje trago meu filho para assistir e lhe conhecer. O circo para a criança é a concretização de um sonho, é nostalgia para os tempos perdidos.”
Índia Morena, artista circense e Patrimônio Vivo de Pernambuco

Serviço
Conversa sobre o livro Festival de Inverno de Garanhuns - 30 anos
Quando: 28.07, quinta-feira
Horário: 20h
Onde: Auditório do Polo literário/Praça da Palavra Carolina Maria de Jesus/30º FIG

Informações: Michelle de Assumpção

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