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Ana de Oliveira e Sérgio Ferraz lançam CD dedicado à Música Instrumental e homenageando Egberto Gismonti

“Nosso país não é um só: são muitos os “Brasis”. Ele é plural em suas origens e singular em sua maneira de ser (...)Era a convergência de dois “Brasis” diferentes, mas que se consubstanciou numa síntese que só a arte e o talento de ambos poderiam alcançar (....)O disco é um verdadeiro cordel musical, uma síntese do popular com o erudito, um encontro norte-sul, uma super posição temporal contemporâneo/medieval.”


Formado pelo compositor e multi-instrumentista pernambucano Sérgio Ferraz e pela violinista paulista Ana de Oliveira, ambos radicados no Rio de Janeiro, o duo está lançando seu CD de estreia, “Carta de Amor e Outras Histórias” (Independente / distribuição Tratore) – já disponível também nas plataformas digitais – cujo texto de encarte, assinado pelo consagrado maestro e compositor Ricardo Tacuchian, prima pela lúcida objetividade: “o disco é um verdadeiro cordel musical, uma síntese do popular com o erudito, um encontro norte-sul, uma super posição temporal contemporâneo/medieval”.
De fato, o violino de Ana de Oliveira, que ora se transfigura em rabeca e os violões de oito e doze cordas de Sérgio Ferraz, nos remetem a uma viagem sem igual ao vasto sertão sonoro proposto pelos dois exímios musicistas contemporâneos: Ana, com longa atuação como spalla de importantes orquestras e grupos de câmara brasileiros e Sérgio, um prolífero compositor com diversos discos já lançados, referência na música instrumental brasileira.

O disco começa com o samba-baião “Floresta do Navio”, que foi composto em homenagem à Floresta, cidade natal do pai do compositor no sertão pernambucano. Sua profundidade e riqueza composicionais se destacam na Suíte Armorial para violino e violão, originalmente composta por Ferraz em 2012, na forma de Concerto para violino e orquestra em três movimentos, dedicada ao escritor Ariano Suassuna. Aqui, ganhou uma adaptação para violino e violão de 12 e 8 cordas e ganhou mais um movimento (Festa na Aldeia). “Mestre Salu” (1º movimento) é dedicado ao rabequeiro e mestre de maracatu rural, Mestre Salustiano e representa a união da cultura erudita e popular. O segundo movimento, “Lamento” expressa a aridez do deserto, as origens mouras quando essa cultura dominou a península ibérica deixando lá seus traços culturais. Já o movimento seguinte, “Zumbi”, apresenta-se como um maracatu de baque virado dedicado ao líder negro Zumbi dos Palmares. “Festa na Aldeia” conclui os quatro movimentos e nos remete às danças medievais e às danças populares do Nordeste brasileiro.

Sérgio Ferraz faz sua homenagem ao Rio de Janeiro em “Dia de São Sebastião” – primeira música escrita em solo fluminense e composta para violão solo, improvisada no estúdio com violão de 8 cordas, acrescida posteriormente de um segundo violão. O duo presta ainda uma homenagem ao grande músico fluminense Egberto Gismonti, em “Lôro” e “Frevo”, além da quase-valsa lenta “Eterna” (para violino solo) e a peça “Carta de Amor”, “ligadas entre si por uma criativa cadenza, composta pela própria violinista”, como bem registrou Ricardo Tacuchian no encarte concluindo sobre as obras do homenageado: “deste tríduo, onde perpassam elementos impressionistas e jazzísticos, como num sonho, sai o título do CD “Carta de Amor e Outras Histórias”. Sim, são muitas estórias amorosas porque somos muitos “Brasis”.

O CD “Carta de Amor e Outras Histórias” foi gravado em junho de 2019 no Estúdio de Roberto Frejat (Estúdio do Brou) no Rio de Janeiro, com capa de Romero Andrade Lima, design gráfico de Guga Burckhardt e conta com a participação especial do percussionista Marcos Suzano nas faixas “Zumbi” e “Festa na Aldeia”.

O Duo

Nascido em 2018 durante o MIMO Festival em Olinda, o duo aborda repertório com principal enfoque em obras de compositores que são referências para os dois artistas, como Egberto Gismonti, Hermeto Pascoal, John McLaughlin, Al Di Meola, Paganini, Tom Jobim, Villa-Lobos, além de obras autorais de Sérgio Ferraz. Já se apresentou em importantes palcos do eixo Rio-São Paulo, como Blue Note SP e RJ, Sala Cecília Meireles, Casa do Choro, Centro de Referência da Música Carioca, Centro de Artes da UFF, entre outros. Sua estreia internacional foi em Portugal na programação do MIMO Festival Amarante, em julho de 2019, com grande aclamação do público.

Ricardo Tacuchian

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