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‘Cabra Cega’, um espetáculo pra todo mundo ver

                                                                       Foto:Carlos Laerte

Feito tatuagem. Parece que os diálogos, movimentos e a música saem contigo do teatro e vão tomar uma cerveja na esquina. Foi esse o sentimento, ontem à noite, após conferir o espetáculo ‘Cabra Cega’ no Centro de Cultura João Gilberto, em Juazeiro – BA. Uma montagem cheia de surpresas poéticas e tecnológicas que vai tomando cada um dos nossos sentidos a cada pulsar da obra de Aloisio Villar. E para nos acompanhar neste universo crítico ao modelo político e econômico brasileiro, a música de Chico Buarque de Holanda vai abrindo veredas na emoção e provocando questionamentos atemporais.

 A Geni das pedradas continua seduzindo corruptos e corruptores nas ruas de hoje. Os operários em construção, as divas, os malandros e manés agora pousam para self com grandes malas abarrotadas de dinheiro e derramando atitude dos outros. O trabalhador que é demitido, o câncer que desafia a solidariedade e o desespero de uma massa oprimida e de olhos vasados. Nada passa despercebido à direção artística de Hertz Félix.

Os músicos estão ali no palco, em cena, com imagens em movimento projetadas em led, desnudando a alma humana nacional e a verdade que insistimos em não enxergar. Em alguns momentos, o barulho do ar condicionado concorre com a voz dos atores, mas de repente, Elder Ferrari, numa atuação impecável, explode em notas musicais e vigorosa dramaturgia.

Joyce Guirra toca o espaço cênico e a visão do público com interpretação equilibrada e olhar panorâmico. Ivan Leão, Elisangela Moura, Rodrigo Leal e Carlinhos Tapioca completam o elenco com um bom conjunto de atuações. Na direção geral, o cantor, ator e coreógrafo, Alan Cleber exibe um repertório expressivo que conquista o público e traz mais aplausos ao conjunto. Certamente uma encenação de múltiplas linguagens que a partir da produção executiva de Kátia Gonçalves faz desse espetáculo uma importante contribuição à grade de programação teatral do Vale do São Francisco. O espetáculo fica em cartaz no Centro de Cultura João Gilberto até este domingo (6), sempre às 20h. Fica a dica.

 
Carlos Laerte é poeta, jornalista e publicitário.

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