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Novo regime de recuperação dos estados estará em pauta no Senado


A criação de um novo Regime de Recuperação Fiscal para os estados é um dos assuntos que vão dominar o Senado nas próximas semanas. O Congresso já recebeu mais uma proposta do governo na tentativa de solucionar a crise financeira dos governos estaduais, O Projeto de Lei Complementar 343/2017 permite a suspensão por até três anos do pagamento de dívidas com o Tesouro Nacional. Em contrapartida, os governadores terão que adotar uma série de medidas, como privatizar empresas e aumentar a contribuição de servidores para o regime de Previdência.
O Planalto alega que a crise não será solucionada se não for acompanhada de um esforço das administrações para reequilibrar suas contas, daí a necessidade de condicionantes. Ficará vedado aos governadores, por exemplo, dar aumento ao funcionalismo; criar novos cargos; ampliar a estrutura administrativa; realizar concursos (exceto para repor vagas já existentes); e criar ou ampliar novos incentivos tributários.
O projeto, que começou a tramitar na Câmara, não encontra consenso no Senado e deve gerar divergências. O líder do PSDB, senador Paulo Bauer (SC), diz que não adianta a União conceder algum benefício sem exigir um mínimo de esforço em troca.
— Ninguém pode gastar mais do que arrecada. O governo é igual às famílias ou às empresas e deve gastar o que tem, sem criar dívidas infinitamente — afirmou Bauer.
Paulo Bauer reconhece que algumas medidas propostas são impopulares, mas acredita que isso não é motivo para alterações significativas no texto.
— Popularidade tem que ser ganha pela competência e pela boa gestão pública, não pela demagogia e pela concessão de benefícios e compromissos que não podem ser honrados. Vamos ver muitos avanços nesses estados quando houver consciência de que o saneamento de agora vai trazer benefícios por décadas — afirmou.
O senador José Medeiros (PSD-MT), vice-líder do governo, também concorda com a imposição de condições aos governadores, ainda que sejam medidas impopulares.
— Queremos que os estados equacionem suas dificuldades, mas aqueles perdulários, que gastaram mais do que deviam durante anos não podem ser premiados — afirmou.
Medeiros lembrou que o problema é antigo e, de tempos em tempos, é preciso  salvar os governos locais, por isso é necessário limite para o endividamento dos estados. Ele se diz a favor da venda de empresas e do controle do crescimento da máquina pública.
— Alguns estados têm se mostrado incompetentes em diversos setores, gerando mais rombo no orçamento. Isso acaba caindo nas costas de todos nós que pagamos tributos. Além dos mais, se a administração não está dando conta de pagar sequer o salário dos servidores, qual a lógica que justifica contratar mais pessoal? – indagou.

Concentração de recursos

O líder do Bloco Socialismo e Democracia, João Capiberibe (PSB-AP), discorda das propostas do Executivo. Segundo ele, a maioria são medidas que só mexem no acessório e não em pontos fundamentais, como a grande concentração de recursos nas mãos da União e o combate sem trégua à corrupção.
— Os estados quebraram e ninguém pergunta o porquê. Além da má gestão, o sistema que sustenta o poder público é corrupto e criminoso. É preciso uma reforma política, mas isso ninguém quer fazer, e o governo fica tentando correr trás do prejuízo com políticas à prestação — criticou.
Capiberibe também não acha justo os servidores pagarem a conta por meio de acréscimo na alíquota da previdência.
— É uma incoerência. O trabalhador não pode ser responsabilizado pela crise, mas está sendo chamado para pagar — lamentou.

Tentativas

Não é a primeira vez que o governo federal tenta equacionar o endividamento das unidades da federação fazendo exigências.
No ano passado, o Planalto tentou incluir contrapartidas para a renegociação de dívidas durante a tramitação do PLC 54/2016, que deu origem à Lei Complementar 156/2016. Os senadores aprovaram várias condicionantes para a concessão de benefícios, mas estas foram derrubadas logo depois pela Câmara.
Diante dessa situação, em 29 de dezembro, o presidente Michel Temer vetou o capítulo que tratava da recuperação fiscal. Na justificativa, o Executivo alegou que a alteração no projeto feita pelos deputados desvirtuou o regime e trouxe um risco elevado para a União.
Dessa vez, o líder do PSDB acredita que o tema será tratado de forma diferente na Câmara.
— Naquela primeira ocasião, percebemos que o ambiente político não era favorável porque a sociedade, principalmente os servidores públicos, imaginava que a solução dos problemas surgisse de algum acontecimento extraordinário, de algo independente da vontade política. Isso contaminou o debate na Câmara, onde se alterou muito a matéria. Agora tenho a convicção de que a realidade está mais clara para os cidadãos, que sabem ser necessário sanear, eliminar o déficit e fazer a boa gestão pública desses estados — opina Paula Bauer.


Agência Senado

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