Discutir temas relacionados a todos os elos da cadeia do livro, seja pelo viés acadêmico seja aproximando o público geral daqueles que fazem literatura contemporânea. Esse é um dos principais objetivos do II Clisertão – Congresso do Livro, Leitura e Literatura no Sertão, uma realização do Governo do Estado de Pernambuco, através das Secretarias de Cultura e de Ciência e Tecnologia, Fundarpe e Universidade de Pernambuco – Campus Petrolina. O evento acontece entre 5 e 10 de maio, em diversos lugares de Petrolina e homenageia o cordelista e xilogravador J. Borges e o escritor petrolinense Antônio de Santana Padilha.
Debates, mesas redondas, apresentação de trabalhos, recitais, atividades de mediação de leitura, minicursos e pocket shows movimentam a região nesses dias de congresso. Será uma média de 80 horas de atividades acadêmicas e de fruição/vivência. O Clisertão receberá cerca de 60 convidados, entre eles 7 internacionais. Durante o Congresso, serão apresentados cento e vinte seis trabalhos, com temas divididos por eixos, como democratização do acesso ao livro. Os participantes virão de vários estados do Brasil, entre eles, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Alagoas, São Paulo e Sergipe. Estima-se para esta edição um público de 18 mil pessoas, com um impacto em pelo menos cinco cidades da região do Sertão do São Francisco. “É mais uma ação que se consolida e que demonstra nossa preocupação com a interiorização das ações do Governo do Estado e que integra a fruição cultural com o debate acadêmico”, esclarece o Secretário de Cultura Marcelo Canuto.
TEMAS – O Clisertão se diferencia de outros congressos acadêmicos de literatura por incluir os diversos elos da cadeia do livro. São previstas discussões em torno de políticas públicas para a construção de Planos Municipais do Livro, Leitura e Literatura. Também farão parte do debate os escritores da região. O intuito é descobrir os gargalos da cadeia criativa e alternativas de produção. O congresso também aprofunda as discussões sobre a desconstrução do imaginário do sertão que a literatura ajudou a cristalizar, mas que não refletem totalmente a realidade da região. Temas como o letramento na formação de professores e a relação entre discurso e literatura, com perfil mais acadêmico, também serão abordados.
CONVIDADOS – Por envolver tanto debates acadêmicos quanto atividades de fruição e conversas com escritores, o Clisertão tem uma gama muito diversificada de convidados. Um dos homenageados, J. Borges dividirá a mesa com Bacaro e Abraão Batista. Ele falará dos tempos de venda de cordéis nas feiras livres. O escritor e professor angolano Abreu Paxe e o poeta português Luís Serguilha conversam sobre o mito da lusofonia. Andreia Joana Silva, portuguesa radicada da França, onde trabalha como editora de um selo cartoneiro, que faz livros artesanais com capas de papelão, discute com Nivaldo Tenório (selo u-Carbureto, Garanhuns) e Patrícia Vasconcelos (Caleidoscópio Editora, Lagoa do Carro) modelos alternativos de editoração e autopublicação.
Rogério Pereira (Jornal Rascunho) e o escritor José Castello compartilham com o público sua formação enquanto leitores. Dois dos linguistas mais influentes do Brasil, Ângela Kleiman e Sírio Possenti, ambos da Unicamp, fortalecem as discussões em torno da educação e do letramento. Enquanto o professor Horst Nitschack (Universidade do Chile) apresenta trabalho que traça um paralelo entre as obras de Euclides da Cunha, Guimarães Rosa e Mario Vargas Llosa. Os autores premiados Sidney Rocha (Prêmio Jabuti), Bruno Liberal (Prêmio Pernambuco de Literatura) e José Luiz Passos (Portugal Telecom) também participam do evento. José Luiz Passos inclusive ministrará um minicurso sobre a escrita de contos.
O Clisertão abrigará ainda uma oficina literária com o escritor Marcelino Freire. Entre as atrações músico-literárias, os irmãos Maciel, Maviael e Marcone Melo farão apresentação na noite de abertura. O músico José Paes Lira, Lirinha, realiza recital multimídia e a programação na Universidade é encerrada com uma cantoria de viola com Adiel Luna e Damião Enésio, Francinaldo Oliveira e José Oliveira. No sábado à tarde acontece uma apresentação do Samba de Véio, na Ilha do Massangano. À noite, o congresso se encerra para a sociedade com o Forro-livro, um show com Nilton Freitas e Orquestra Sanfônica, com edição especial dos Livros Livres.
DESCENTRALIZAÇÃO – Outra peculiaridade do Clisertão é o fato de a programação não se limitar ao campus da Universidade de Pernambuco: várias das atividades acontecerão em escolas e espaços públicos. Intituladas de “Além dos muros” e “Clisertãozinho”, essas ações envolvem a sociedade em geral e o público infantil, respectivamente. O Clisertãozinho acontece na Biblioteca Municipal de Petrolina e prevê contação de história, oficinas e atividades de mediação de leitura. O Além dos muros contempla os três eixos norteadores do tema do II Clisertão: a democratização do livro, o sertão reinventado e as fronteiras da leitura e literatura. Ações que já se consolidaram na Secretaria de Cultura são reeditadas, como o Escambo de Livros e os Livros Livres, além de outras ações descentralizadas, como visitas de escritores a escolas públicas e atividades de fruição em espaços públicos, as chamadas Ecoleituras.
SERVIÇO II Clisertão – Congresso do Livro, Leitura e Literatura no Sertão
5 a 10 de maio
UPE – Campus Petrolina, Biblioteca Municipal de Petrolina e escolas da região
Informações: (81) 3184-3166 / (87) 3866-6470
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