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Coluna "O Fabuloso Mundo da Literatura"


Distopias são muito Black Mirror

Olá, mundo. Eu sou a Stephanie do blog Desfabuloso Destino e, a partir de hoje, darei o ar da graça aqui no Falando Francamente com postagens sobre Literatura. A cada quinze dias, aparecerei para discutir sobre livros e, especialmente, sobre a relação que eles têm com a sociedade. Seguindo essa linha, o post de hoje é sobre um gênero que tem se tornado cada vez mais popular e que tem tudo a ver com essa instabilidade política que temos vivido: a distopia.

Esse termo é um conceito filosófico que significa, basicamente, o contrário de utopia. Na Literatura, ele costuma ser aplicado em livros que misturam ficção científica, drama e romance para relatar uma sociedade que está em decadência, especialmente no que diz respeito ao âmbito social. Normalmente, o enredo aborda governos totalitários em que certos grupos vivem em condições de opressão.

A melhor parte é que, além de propor uma série de discussões importantíssimas, esses livros não precisam seguir a uma fórmula específica. Tem obras sobre o fim de recursos como água e energia, sobre um futuro hipotético cheio de tecnologias bizarras que mais atrapalham que ajudam e até sobre epidemias que geram situações aterrorizantes.

Entre os clássicos desse gênero, temos títulos como Laranja Mecânica (Anthony Burguess), 1984 (George Orwell) e Fahrenheit 451 (Ray Bradbury). Além disso, na atualidade, nomes como Jogos Vorazes (Suzanne Collins) e Divergente (Veronica Roth) também tem feito bastante sucesso.

Depois de toda essa rasgação de seda, eu não poderia deixar de indicar alguns títulos, né? Por isso, escolhi três livros desse gênero que, além de terem me prendido bastante, debatem sobre temas muito interessantes.

Delírio (Lauren Oliver)

Nesse livro, o amor é considerado a pior doença existente. A trama relata um futuro em que a ciência é capaz de erradicar esse sentimento e o governo atua doutrinando a população para encará-lo com a pior coisa do mundo. Ao atingir dezoito anos, todos os cidadãos são “curados” e encaminhados para uma faculdade. Além disso, é nessa idade que o governo determina com quem cada um deve se casar. 

Essa é uma indicação misturada com contraindicação. Apesar de eu ser apaixonada por esse enredo, Delírio é uma daquelas trilogias que vai ficando mais fraca a cada livro. O primeiro é incrível, o segundo mais ou menos e o terceiro não é lá aquelas coisas.

Apesar disso, acho que vale a pena conhecer essa história, especialmente porque é um futuro super bem definido, cheio de regras e tudo mais. Nesse ponto, a escrita foi impecável, então, pelo menos, é possível imaginar como seria um futuro tão absurdo quanto esse.

Ilha dos Dissidentes (Bárbara Morais)

Também há escritores brasileiros fazendo distopias muito boas. Nesse livro, o universo distópico é um pouco diferente dos outros da lista porque inclui mutantes com poderes especiais. Essas pessoas, conhecidas como anômalas, tem habilidades que lembram muito X-Men e vivem isolados dos que são considerados “normais”. 
Usando a justificativa de evitar conflitos, o governo faz com que esse grupo viva em uma ilha distante, em que existem até escolas especiais para que os habitantes aprendam a lidar com seus poderes. É claro que esse distanciamento faz com que todos vivam em tensão, especialmente por causa das várias guerras que eclodem por todo o país. 

A escrita desse livro também é bem fluida e constrói de modo bastante interessante esse modelo de sociedade, algo que acho imprescindível para criar uma noção de imersão na trama. Outra coisa que eu acho louvável é o modo como temáticas complexas são debatidas de modo sutil, mas bastante preciso. Por meio de falas de personagens e situações específicas, a autora consegue abordar questões que envolvem política, acessibilidade e empatia de forma bastante eficaz.

Starters (Lissa Price)


Esse livro é muito Black Mirror*. Muito. Ele fala sobre uma garota que ficou órfã, quando os pais morreram em uma guerra que dizimou toda a população entre 20 e 60 anos. Para sustentar a si e ao seu irmão, ela resolve se inscrever numa empresa chamada Prime Destinations, onde jovens alugam seus corpos para que pessoas idosas possam sentir de novo o gostinho da juventude. 

Nem preciso dizer que ele trata de temáticas como tecnologia, exploração e relações comerciais, né? É uma sacada genial em um livro muito completo, que tem uma leitura super fluida e personagens bastante envolventes. Mesmo já fazendo alguns anos que li, continuo encantada com sutileza e precisão da escrita da autora.

Particularmente, tenho uma quedinha por distopias que parecem próximas da realidade e isso foi algo que senti bastante com Starters. Recomendo muito essa leitura e aguardo ansiosamente uma adaptação para o cinema.

*Se você não estiver familiarizado com o meme mais sincero do mundo, Black Mirror é uma série da Netflix que reúne histórias meio distópicas (olha a dica extra!) sobre tecnologia.

Stephanie Sá

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