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Movimento Cultural de Arcoverde emite nota sobre cancelamento do Horizonte da Paixão em Arcoverde

Foto: Movimento Cultural de Arcoverde

Após o anúncio do cancelamento do espetáculo Horizontes da Paixão publicado em primeira mão por este blog, os produtores e artistas do Movimento Cultural de Arcoverde emitiram uma nota a respeito , e criaram uma página nas redes sociais para protestar contra o acontecido. 

Carta aberta do Movimento Cultural de Arcoverde em resposta ao cancelamento do espetáculo “Horizonte da Paixão”.

“Horizonte da Paixão”, espetáculo artístico e não catequético, com liberdade poética não para reescrever a história mas para interpretar e aproximá-la do público, independente de credos, ideologia política, raça, etc. O Movimento Cultural sempre esteve aberto ao diálogo com todos os líderes religiosos da região, embora não tenhamos sido procurados antes, durante ou depois do espetáculo nestes 15 anos de realização. A história representada não possui direitos autorais sendo assim domínio público e podendo ser interpretada do ponto de vista dos que a fazem, observando os valores morais e éticos da sociedade e o respeito às transformações desses valores. Sempre existiu, acima de tudo, o respeito às crenças e signos religiosos. A versão do espetáculo para 2015 segue o conceito dos anos anteriores, que é aproximar a história do público, sobretudo os jovens, trazendo uma reflexão para a atualidade. A Arte permite a reinterpretação de signos não se detendo a doutrinas e dogmas religiosos. Ainda assim jamais foi nossa intenção ferir essas simbologias. Quando a montagem propõe a reinterpretação dessa história confia na inteligência e discernimento do público, sem provocar a fé, apenas suscitar questionamentos do mundo atual, sabendo que a fé não está diretamente ligada a conceitos estéticos. Não cabe à Arte julgar ou alterar a fé. O espetáculo vem propondo desde seu surgimento cenas contemporâneas como a participação de jovens reeducandos da FUNASE (Fundação de Atendimento Sócio-educativo) e modificando seus cenários e figurinos.

Em torno da apresentação de 2015, criou-se um burburinho com interpretações do espetáculo por líderes religiosos que assumidamente não o viram, se utilizando de discursos de terceiros. Numa demonstração de abuso do poder de influência em meios de comunicação de massa, incitaram inverdades, revoltas, boicote e intolerância. A partir desse discurso gerou-se uma série de ações de represálias, agressões verbais e ameaças de protestos e à integridade física dos integrantes do espetáculo, causando mal-estar entre a comunidade religiosa e a comunidade artística. Vale frisar que a comunidade artística também é integrada por pessoas religiosas. O Sesc Pernambuco, responsável pela realização deste projeto, optou pelo cancelamento de forma arbitrária, sem consulta prévia, não levando em consideração a opinião dos artistas envolvidos.

Repudiamos a atitude e os termos utilizados pelo senhor Adilson Simões ao dizer que o espetáculo foi feito de forma “desonerada”, “absurda”, “sacrílica”, “abortiva” e “feminista”. Em nenhum momento existe menção ou apologia ao aborto. Em relação ao feminismo, entendemos o momento de respeitar o ser humano independente de gêneros. De acordo com a Constituição Federal Brasileira em seu artigo 5 º, parágrafo 1º “Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações nos termos desta Constituição”.

Repudiamos que em pleno século XXI um espetáculo seja censurado em razão da divergência de opiniões, que os artistas sofram retaliação da sociedade por sua visão artística, que seja desrespeitado todo o tempo dedicado ao processo de produção, planejamento, criação e ensaios. Repudiamos que o público que há tantos anos acompanha o projeto “Horizonte da Paixão” sejam lesados e voltem para casa por não poder apreciar o espetáculo que já estava pronto. Repudiamos os prejuízos econômicos, turísticos, culturais e sociais advindos da extinção deste projeto e por fim, repudiamos o retrocesso que fere a sociedade e cultura arcoverdense e principalmente a Constituição Federal, que reza no seu artigo 5º, parágrafo 9: “É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença”.

Movimento Cultural de Arcoverde

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