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Rocky Lane pelos amigos

Foto: Amannda Oliveira
A morte de Rocky Lane foi sentida por muitos que fazem a cultura na cidade, e o nosso Blog recolheu alguns depoimentos de amigos e entidades que conviveram com este apaixonado pela sétima arte.

"Rocky Lane, quando porteiro do Cine Bandeirante, abria-me as portas para a magia do cinema. Morreu para o mundo, nasceu para a história de Arcoverde."  Gaudencio Rodrigues Vilela

" Quando se observa o olhar desse homem, é possível identificar os sentimentos de altivez e satisfação. Vemos estampado no semblante de Rocky, ao lado de sua esposa Dona Antônia, o orgulho de apresentar para a Cidade que ama uma obra literária que se confunde com a suas próprias vidas, a dele e a de Arcoverde.
 Cada frase contida no livro História do Cinema Bandeirante tem importância singular. Pela carga sentimental e verdadeira das palavras do autor, percebemos que é imprescindível para o ser humano o verbo sonhar. Já para a nossa Cidade fica o significado de ter parte marcante de suas memórias contadas por uma das figuras mais originais que por essa terra passaram, o nosso querido José Leite Duarte.
 Um dia, Rocky, os que não compareceram a essa noite inesquecível de 09/12/2010, passada no Coreto da Praça da Bandeira, apenas pelo brilho dos teus olhos, irão saber o quão relevante foi para você e para nós esse capítulo de uma trama em que a vida teima em imitar a arte, pois quando imaginávamos que a história já estava toda contada, eis que surge vigoroso e triunfal o nosso Cowboy para, sob a vibração eufórica de sua fiel platéia, duelar e vencer os seus atuais inimigos: o ostracismo e a falta de reconhecimento.Valeu Rocky! Arcoverde orgulha-se de tua saga!" Centro Cultural de Arcoverde -COCAR
"CINEMA MUDO - Fantasmas de velhos filmes, rondam cinemas abandonados nas cidades do interior.
 Aventuram-se às vezes, até as esquinas e praças, e lançam olhares mortais, sobre reais personagens, que vagueiam sem rumo, após as novelas. 
Alberto Oliveira ( poeta e produtor cultural)

" Rocky Lane: a arte imita a vida. A história cultural de Arcoverde é pródiga em personagens que, na sua singularidade, constituem referências exemplares em diversos campos da vida social: pensamento, educação, política, música, cinema, folclore, literatura e artes em geral. Do popular ao culturalmente sofisticado, há uma vasta galeria de tipos humanos cuja atuação e imagem social estão definitivamente inscritas na história municipal.
Figura marcante desse caleidoscópio cultural da terra dos verdes arcos, Rock Lane constitui um tipo humano de riqueza inestimável para a história estética e artística da cidade.
Rocky Lane (José Leite Duarte), nascido em Custódia – PE no ano de 1933, migrou para Arcoverde ainda jovem, vindo trabalhar no Serviço de Alto-Falantes Bandeirante, primeira difusora a se instalar na cidade, sob o comando do célebre comunicador Paulo Cardoso.
Casou com Maria Josefa da Silva Duarte, sua primeira esposa. Tiveram por filho único Anselmo, falecido ainda pequeno, o que deixou em seu coração, conforme suas palavras, “um vazio jamais preenchido, uma saudade nunca curada”. Em 1964, casou-se com Antonia Quirino dos Santos, com quem teve dois filhos, Roberlane e Wanderlane. Ele dedica a Dona Antonia um sentimento de amor que não é feito de palavras, mas de companhia constante e confiança ilimitada.
Amante do cinema como arte maior, incorporou na sua vida histórias de célebres filmes e personagens das telas. Nele, arte e vida se confundem, numa mistura deliciosa de realidade e ficção. Dotado de fértil imaginação, estabelece pontos de contato entre sua vida e enredos de filmes. Por sua semelhança física com um cowboy do cinema estadunidense, foi apelidado de Rock Lane, nome que carrega orgulhosamente desde 1948 até hoje. Por anos, se caracterizou como um cowboy do velho faroeste, fato que proporcionou às ruas de Arcoverde um colorido especial. Afinal, por sua “atuação artística”, tornava presença física nas veredas da cidade aquilo que o público era acostumado a contemplar nas telas do cinema.
O maior cinema da cidade, o Cine Bandeirante, deve muito à contribuição de Rocky Lane, que nele desempenhou papéis múltiplos, desde a missão de transportar os rolos dos filmes entre Recife e Arcoverde, divulgar ao público sua programação, até morar em suas dependências como seu “vigilante e zelador de todas as horas”.
Rocky é um homem de larga cultura cinematográfica, imaginação literária de rara grandeza, além de ser um gentleman, pessoa de fino trato. Tem um carisma pessoal que conquista a todos. Sua conversa flui agradável, porém mais densa e incisiva quando o assunto recai sobre o Cine Bandeirante; então sua fala se torna poesia e recordação agridoce.
De inegável talento para as letras, escreveu ao longo dos anos diversos roteiros para hipotéticos filmes e novelas de TV, dentre os quais destacamos os seguintes títulos: “A Caravana da Esperança”; “Na Trilha dos Bandoleiros”; “Domingo Sangrento”; “Do outro Lado da Colina”; “Terra Sem Lei”; “Lágrimas de um Palhaço”; “A Honra Ferida”; “No Velho Rancho”; “A Muralha da Solidão”; “A Carta Criminosa”... São romances, dramas, aventuras e novelas. Um acervo inestimável a ser redescoberto e estudado pelas novas gerações. Quem sabe até catalogado e divulgado mais amplamente pelos órgãos de cultura e arte do município!
Se não fizermos justiça aos grandes protagonistas da nossa história cultural, sobretudo aos que, por razões escusas, estão à margem da mídia e dos círculos de poder, estaremos permitindo que a névoa do tempo esconda para sempre personagens que, com arte e invenção, escreveram páginas memoráveis da vida desta terra entre serras.
Rocky está inscrito na história cultural de Arcoverde como um dos seus filhos adotivos mais importantes, uma das suas figuras mais representativas. A esta cidade que tanto ama sempre ofereceu o melhor de si. Será que Arcoverde reconhece adequadamente este dom?
" Eraldo Galindo Silva

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